Aproximastes como um cordeiro
Entitulou-se um amigo verdadeiro
Colocou-se à disposição
Para ajudar-me em minha missão
De guiar o meu povo a um caminho justo e certeiro
O recebi em minha morada nesse instante
Deixei que se sentasse à mesa ao meu alcance
Te convidei para tornar-se meu discípulo
[mais importante]
E nesta última ceia, com um cálice de vinho, falei:
— "Não traia-me, pois jamais o trairei".
Mas a ganância era sua espada
E ser o primeiro discípulo para ti não era nada
Derrotar o mestre era preciso
Para que não fosses apenas discípulo.
E assim despediu-se de mim
Com um forte abraço fraterno
Colocando-se a meu lado nessa luta sem fim
De cuidar de nosso povo com ardor eterno.
Noutro dia, pela manhã, montou seu cavalo
E cavalgou até a corte do imperador
Suplicando a ele o regalo
De transformá-lo, de meu povo, em senhor
E por algumas moedas de prata
Sua espada da ganância, meu coração cravou.
Na corte, o imperador ordenou
Àquele povo, um novo senhor
E decidiu para sempre apagar
O mestre do povo das terras do mar.
Consultando seus bispos na corte real
Ninguém ousaria ao rei, dizer não
E assim, cometendo um pecado capital
Os bispos lavaram suas mãos.
O discípulo voltou como senhor
Para as terras do povo do mar
Mas ao chegar, contemplou com temor
Que não mais haviam discípulos para liderar
Apenas os ratos do porto
Dos barcos que vinham do mar.
E, raivoso, procurou o antigo mestre
Questionando onde estava a multidão
O povo que ele iria liderar.
Viu o mestre e seu povo dando as mãos
Cercados pelas bênçãos da união
Do povo das terras do mar.
E assim, o discípulo — agora senhor
Seguiu sozinho
Acompanhado apenas pelos ratos do porto
Dos barcos que vinham do mar.
©Marc Fortuna (Lord Fortuna of Lancaster) - 09/05/10 — 00h46m
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