História — Primeira Mulher Prefeita no Estado de São Paulo

Itanhaém (Litoral Sul de SP) é uma cidade com uma extrema riqueza histórica, religiosa natural e cultural. É a segunda cidade mais antiga do Brasil, primeira politicamente constituída (segundo alguns historiadores), berço da civilização do idioma português com o jesuíta Pe. José de Anchieta catequizando e ensinando nosso idioma aos índios locais e até hoje é uma cidade que encanta aos turistas e moradores.

Suas festas tradicionais como a Festa do Divino que retrata a passagem do Imperador e sua corte real pela cidade, seu já tradicional show de verão e rodeio (o maior rodeio de praia do Brasil) que atraem milhares de turistas todos os anos, sua premiada Banda Marcial, seus prédios e arquitetura colonial no centro histórico e a mesclagem entre as grandes redes que se instalaram na cidade como McDonalds, Habibs, Giraffas, Subway, LePotiche, Cacau Show, Lojas Cem, Casas Bahia, Tendas, Lojas Pernambucanas, Casas Americanas e outras com a imagem de uma pequena vila, onde não existem semáforos e praticamente nenhuma ocorrência de trânsito interno.

Junto a isso, Itanhaém é considerada a Amazônia Paulista, pois grande parte da Mata Atlântica está localizada em terras itanhaenses. Mar, montanhas, cascatas, trilhas, campo... uma mistura de todas essas belezas naturais se traduzem em um nome: Itanhaém, a Pedra que Canta. Mas Itanhaém também foi pioneira em outro aspecto: a valorização da Mulher, com a eleição indireta de Spasia Albertina Becchelli Cecchi (foto) a Prefeita de Itanhhém em 1936, sendo a primeira Prefeita do Estado de São Paulo e a segunda do Brasil.

Nascida em São Bernardo do Campo no dia 29 de dezembro de 1899, Spazia era filha de Lorenzo e Maria Bechelli. Viajando na Itália, conheceu Mansuetto Cecchi, casando-se com ele, com quem viveu pelo resto da vida, sem nunca terem tido filhos. Viveram na região central de São Bernardo do Campo, tendo depois se mudado para um bairro mais afastado, o qual futuramente se desmembraria, tornando-se o município de Ribeirão Pires. Mudaram-se, mais tarde, pra Itanhaém, no litoral paulista.

Spasia foi eleita prefeita, por voto indireto, pela Câmara Municipal no dia 23 de maio de 1936. Ela foi a primeira mulher eleita prefeita na história do Estado de São Paulo e a segunda em todo o país. Alguns anos antes, em 1928, uma outra mulher, Luiza Alzira Soriano Teixeira havia sido eleita na cidade de Lajes, no Rio Grande do Norte.

Em seu governo, reurbanizou a praça central, arborizando-a, e ainda fez obras em prol da melhora do abastecimento de água, em combate ao analfabetismo e ao problema da falta de habitação. Seu mandato terminou no dia 26 de outubro de 1937, durante a comoção nacional provocada pela denúncia do Plano Cohen, duas semanas antes do Golpe de Estado dado por Getúlio Vargas, impondo o Estado Novo no Brasil. Foi precedida pelo prefeito Permínio de Souza e sucedida pelo prefeito José Plácido da Costa Silveira.

Após 1942, Spasia e seu marido voltaram pra Ribeirão Pires. Faleceu em 1964, na Itália, onde está enterrada junto com seu marido Mansuetto.