sábado, 28 de julho de 2012

Pronto Socorro: o dilema da Saúde Pública

A questão da Saúde Pública sempre foi e é uma questão delicada de debater. Um assunto importante porém complexo que ocorre a nivel nacional e obviamente os efeitos colaterais recaem sobre as cidades, principalmente em época eleitoral, onde o tripé do discurso político (Saúde - Educação - Segurança) são explorados ao máximo pelos candidatos.

Obviamente, por ser uma questão tão complexa, este texto também dividirá as opiniões. Mas isso é saudável e mostra que vivemos num estado democrático de direito em que as diferenças de opiniões são cabíveis em um mesmo tempo e espaço.

Nossa cultura ainda é emergencialista ao invés de preventivista, ou seja, geralmente procuramos um médico somente quando estamos sentindo algo ao invés de regularmente fazer um check up preventivo nos postos de saúde com acompanhamento de nossos médicos de família. Esse tipo de postura cultural faz com que ao precisarmos de atendimento, ao invés de primeiro pensarmos em ir ao PSF (postos de saúde), imediatamente nos vem a mente os Prontos Atentimentos (ou Prontos Socorros), congestionando assim esse sistema de atendimento de emergência causando com isso possíveis deficiências na qualidade de atendimento e tempo de espera.

Geralmente, ao sentirmos os primeiros sintomas de qualquer coisa, ou nos auto-medicamos ou ficamos esperando aquilo passar por si só. Dificilmente, marcamos consulta no PSF ao sentirmos mal, locais indicados para isso pois nossos clínicos podem pedir exames específicos em clinicas de especialidades e continuar com o acompanhamento. Esperamos, sim, nossa dor ou indisposição aumentar em intensidade ao nível que vamos procurar o médico somente quando estamos no limite, e não importa qual seja nossa dor ou indisposição, vamos direto ao Pronto Socorro (ou Pronto Atendimento).

A função do Pronto Socorro é a do atendimento emergencial, ou seja, casos que necessitem de um atendimento imediato para tentar garantir a vida do indivíduo: infartos, fraturas, cortes etc. Mais da metade das pessoas que vão ao Pronto Socorro na verdade são casos que poderiam ser atendidos nos Postos de Saúde: dores musculares, febre, ataques de pânico, indisposições generalizadas etc. 

Mesmo com essa situação de "superpopulação" que tomou conta culturalmente de nossos Prontos Socorros dentro do Sistema Nacional de Saúde, as cidades precisam encontrar soluções para gradualmente melhorar as condições de atendimento. 

Recentemente visitei por algumas vezes o Pronto Socorro Municipal de Itanhaém e vi muitas melhorias acontecendo: diversos médicos no local (dentro e fora do horário do pico), novos equipamentos, mais assentos na recepção, mais cordialidade na recepção do paciente já em sua chegada, triagem para priorizar os casos que chegam com temperatura e pressão arterial alterada, limpeza e higiene total (e isso é importantíssimo, pois a falta de higiene é um dos fatores que mais contribuem com a proliferação de infecção hospitalar), um corpo de ouvidoria clínica no local, uma administração eficiente, além da presença diária, em diferentes momentos, da Secretária de Saúde Adjunta do Município.

Ainda há muito para se fazer? Sim... sempre podemos fazer mais. Mas a nova visão clínica e administrativa encontrada em Itanhaém pode servir de exemplo para que outros municípios (incluindo grandes capitais) revejam seus planos de gestão em seus Prontos Socorros. E uma dica: uma campanha nacional de conscientização sobre utilização de Postos de Saúde vs Prontos Socorros.

©Marc Fortuna

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